Vários estudos avaliaram o efeito de diferentes estratégias nutricionais em pacientes com queimaduras graves. A glutamina é de particular interesse porque é vital para várias vias-chave de resposta ao estresse em doenças graves. A intensa inflamação e catabolismo associados a queimaduras graves predispõem os pacientes a um aumento risco de complicações infecciosas, disfunção orgânica a curto e longo prazo e óbito. Acredita-se que a glutamina tenha efeitos benéficos na resposta metabólica e ao estresse a lesões graves. Ensaios clínicos envolvendo pacientes com queimaduras e outras pacientes graves têm mostrado resultados conflitantes quanto aos benefícios e riscos da suplementação de glutamina.
Este artigo é um estudo randomizado duplo cego que avaliou os efeitos do uso de glutamina enteral (0,5g/kg/dia) em pacientes com queimaduras profundas (2° ou 3° grau). O desfecho primário avaliado foi tempo de alta hospitalar em até 90 dias. Com cerca de 1200 pacientes incluídos no estudo (596 pacientes no grupo glutamina e 604 no grupo placebo), o tempo médio de alta hospitalar foi de 40 dias no grupo glutamina e 38 dias no grupo placebo. A mortalidade em 6 meses foi de 17,2% no grupo glutamina e 16,2% no grupo placebo.
Conclusão do autor: Em pacientes com queimaduras graves, a suplementação de glutamina não reduziu o tempo de alta hospitalar. Não houve diferenças significativas entre os grupos em eventos adversos graves.
Referência: HEYLAND et al., 2022
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